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quarta-feira, 11 de abril de 2012

A prática do karate-dô e o controle das emoções

Por volta de 1.500 d.C., foi criada a arte marcial no Japão, tendo como objetivo aprimorar técnicas de defesa pessoal. Na era do Shogun Tokugawa (1.600 a 1867), os treinos eram direcionados para o aperfeiçoamento e a melhoria do espírito, da técnica e do corpo. A meta principal não era vencer o adversário, mas sim lapidar o próprio corpo, a fim de desenvolver o autocontrole, dominar o medo, a ansiedade e o descontrole emocional. Portanto, a prática do Caratê não se resume apenas às competições esportivas.
Naqueles tempos, os treinos eram realizados nos dojôs (simboliza um templo de evolução) e, às vezes, no meio das montanhas, a fim de dotar os praticantes do sentido da percepção ambiental, com vistas ao autocontrole, e à capacidade de localização e mudança de ambiente. Estes treinos eram realizados em um ambiente adverso, causando desconforto pelo excesso de calor, frio, chuva ou umidade do ar.
A meta era proporcionar condições para uma mudança de comportamento no espírito do praticante, dotando-o de um poder de resolução imediata, sem passar pelo crivo da razão, capacitando-o a identificar o perigo, através da percepção vibracional do ambiente, ou armar o contra-ataque numa situação de inevitável confronto.
Hoje, a adoção de práticas usadas pelos antigos mestres tais como sacos de areia e maquiwara (tábua de madeira com palhas de arroz para fortalecer os socos), em face desses conceitos técnicos e filosóficos, visa fortalecer o corpo e o espírito de forma clara, contribuindo para a transformação do indivíduo, em harmonia com uma sociedade ainda que competitiva.
Nas competições, os atletas devem ser tecnicamente preparados dentro dos princípios citados, para combaterem a insegurança, o medo e o descontrole emocional, tendo como objetivo principal, não a vitória em si, mas o autocontrole e o domínio da ansiedade, para perceberem e explorarem as falhas do adversário.
Esta forma aparentemente antagônica de objetivos leva o praticante, caso seja vencido em uma luta, a ver o fato não como uma derrota, mas como uma oportunidade de aprendizado consciente para perceber seus erros e pontos fracos, bem como aceitar com humildade eventuais críticas de terceiros, já que estes lhe proporcionam oportunidade de corrigir tais falhas. A vitória é a consequência lógica da aplicação desses princípios e produto das nossas escolhas ou das falhas do oponente.
Conta-se que dois ratos viviam na floresta e foram para a cidade grande. Um não se acostumou com o burburinho, a confusão da metrópole e a civilização moderna. Ficou muito inseguro, vacilante, confuso e nervoso. Descontrolado emocionalmente, chorava, gritava, lamentava-se e reclamava contra a mudança do ambiente. Suas lamentações e gritaria acabaram despertando a atenção de um gato que o agarrou e fez dele seu alimento. O outro, por sua vez, “forjou o corpo e o espírito”, percebeu que a mudança de ambiente não era tão ruim assim e tomou a decisão positiva de enfrentar o problema como um desafio à sua capacidade de superação das dificuldades. Com tranquilidade pôde perceber pontos positivos de estar na civilização moderna. Com a visão despertada para a nova realidade conseguiu visualizar nos esgotos uma fonte sustentável de alimentos. Em um prédio descobriu um buraco que logo transformou em residência, já que era quente e agradável. Protegido do frio e das tempestades, com alimento garantido, melhorou consideravelmente seu padrão de vida, integrando-se sem problemas à nova comunidade.
A moral do conto é a interpretação positiva dos fatos, se diante das mudanças bruscas e inesperadas da vida, o indivíduo se deixa levar de imediato pelo lado ruim, envolvendo-se no problema como se ele fizesse parte dele, fatalmente desmoronará, mas, se conseguir visualizar o outro lado da moeda ou da situação, haverá muitas soluções. Esta é a chave do sucesso em todas as áreas dos inter-relacionamentos humanos.
A prática correta do caratê é um caminho para se obter o equilíbrio físico e mental. A aplicação correta desses princípios resulta em benefícios como:
autoconfiança, melhoria da concentração, força de vontade, capacidade de decisão e análise, planejamento e organização, disciplina, bom senso, liderança e outros.
A filosofia, os princípios e os lemas que norteiam o carateca dentro do seu aprendizado são denominados Dojô-Kun.
Autor
Prof. Yasuyuki Sasaki
Faixa preta 8º Dan.

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